Na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, levando-a de 14,25% para 14,75%. Embora a decisão já estivesse precificada pelo mercado, o verdadeiro recado do Banco Central foi mais sutil, mas extremamente relevante: a taxa básica de juros permanecerá em patamar elevado por um período prolongado.
O comunicado do Comitê foi enfático ao afirmar que a política monetária já se encontra em nível bastante contracionista. No entanto, também reforçou que os efeitos dessa política são defasados — ou seja, ainda não se refletem integralmente na atividade econômica e nos índices de inflação. Dito de outra forma, a trajetória da inflação ainda está sendo ajustada e, por isso, exige vigilância e paciência.
Além disso, a projeção de inflação para o horizonte relevante (quarto trimestre de 2026) foi revisada para baixo, de 3,9% para 3,6%. Essa revisão foi influenciada, em parte, pela apreciação do real frente ao dólar, o que reduziu pressões inflacionárias no curto prazo.
Apesar da melhora, o Banco Central destacou que os riscos seguem elevados, mas agora simétricos — sem viés claro de alta ou baixa, mas com elevada incerteza.
Entretanto, um ponto muito sensível da comunicação continua sendo a preocupação explícita com o risco fiscal. A ausência de uma trajetória sustentável para as contas públicas, aliada à percepção de que o governo pode seguir aumentando gastos sem um plano crível de ajuste, pressiona as expectativas de inflação, eleva o prêmio de risco exigido pelos investidores e contamina as projeções de crescimento e estabilidade econômica.
Outro fator que ganhou destaque foi a política comercial dos Estados Unidos, agora considerada pelo Copom como tão relevante quanto o cenário fiscal doméstico no que diz respeito à sua capacidade de influenciar câmbio, inflação e política monetária.
Diante desse contexto, o investidor atento deve adotar uma estratégia equilibrada, mas ativa para capturar as oportunidades reais que não víamos há dez anos. Com a Selic em níveis elevados, ativos pós-fixados continuam sendo uma escolha racional para a preservação e rentabilização de capital. Porém, o atual prêmio oferecido pelos títulos prefixados abre uma janela de oportunidade para quem deseja travar taxas atrativas, especialmente se as projeções de desaceleração da inflação se confirmarem ao longo de 2026.
No mesmo sentido, títulos atrelados à inflação (IPCA+) seguem sendo essenciais para a proteção do poder de compra, como defesa em um cenário ainda incerto e como uma grande/rara oportunidade de capturar uma das maiores taxas de juros reais do mundo.
Visto que o Banco Central foi claro ao afirmar que os riscos seguem elevados — mas agora simétricos. Não há viés definido de alta ou baixa, apenas um nível de incerteza estruturalmente alto.
Diante desse cenário, a diversificação internacional ganha ainda mais relevância.
A dolarização gradual da carteira não deve ser vista como uma aposta em ‘acertar o melhor momento’, mas sim como uma estratégia sólida de gestão de risco e preservação patrimonial.
Afinal, seguro não se contrata depois do incêndio.
Portanto, a pergunta relevante não é “quando” dolarizar, mas sim “quanto” e “como” fazer isso de maneira inteligente e escalonada. Comprar em tranches permite capturar eventuais quedas no câmbio, ao mesmo tempo em que protege a carteira em momentos de alta volatilidade.
O cenário atual exige mais do que nunca uma postura disciplinada. Em um ambiente onde as manchetes tendem a gerar medo ou euforia instantânea, o investidor inteligente é aquele que olha além do curto prazo, segue seu planejamento e entende que as melhores decisões raramente nascem da reação a notícias de momento.
Como bem disse Nathan Rothschild, “compre aos sons dos canhões e venda aos sons dos violinos”. A atual fase do ciclo econômico não é diferente: enquanto muitos observam a tempestade pela janela, poucos percebem que ao seu lado há um mapa, uma bússola e um plano, poucos se preocupam em seguir o mapa e ajustar as velas.
Diversificação, proteção e consistência são as chaves para navegar os desafios de 2025 com segurança e inteligência e capturar oportunidades reais únicas.